Esses dias eu li um texto em algum blog (gostaria muito de me lembrar qual era, mas foi uma daquelas leituras que a gente encontra por acaso, sabe?), e no texto o autor contava a incrível percepção que ele teve ao analisar como um sapo é cozido. Isso mesmo, alguém romantizou e conseguiu filosofar em cima do cozimento de um animal, e eu, que adoro analogias e metáforas, me encantei com a escrita dele.

Eu não era a melhor aluna em biologia, passava com notas na média e vez ou outra tirava mais do que 8 (ou B se você for bem old school que nem eu e viveu a época onde a gente torcia por um A no boletim), mas uma coisa eu lembro bem… Daquele fatídico dia onde meu professor me contou sobre como os sapos não tem percepção da temperatura da água e acabam sendo cozidos (e morrendo, claro) sem notar!

O sapo não reage ao aumento de temperatura (se ela for gradual) e morre quando a água ferve. Inchado e feliz. O bicho morre! Por outro lado, se esse mesmo sapo for jogado nesse recipiente com a água já fervendo, ele salta imediatamente para fora. Talvez um pouco queimado, meio chamuscado, porem vivo.

Isso talvez não seja nenhuma novidade para você, e mesmo se for você pode me perguntar agora: “ok Maíra, o sapo é um tanto burrinho, mas o que isso muda no meu dia a dia?“. E eu te respondo: muda muita coisa!

Quando li o texto que eu mencionei ali em cima eu não estava entendendo muito onde o autor queria chegar logo de cara, mas foi quando ele, ao finalizar a crônica fazendo umas perguntas, que ele despertou em mim um questionamento muito genuíno. Ali, em negrito e no final da página estava escrito: Você é um sapo? Você se acostuma com as coisas ao seu redor, considerando elas nada mais do que uma fase e não parte para a mudança? Você é o sapo que vai morrer cozido por se acostumar? 

Lembro que eu quis responder que, obviamente, eu não era um sapo. Mas ei! Olha que surpresa! Eu sou um sapo. 

Foram dias de auto análise e um árduo questionamento até eu entender que, sem querer, eu me acostumei. E sigo acostumada!

Não estou aqui para dizer frases motivacionais como “saia da sua zona de conforto!” ou “mude para a melhor!“, não não não! Até porque é muito fácil todo mundo incentivar a mudança quando quase ninguém te conta o quanto ela dói. Mudar dói! Sair da sua zona de costume (não vou dizer conforto, porque nem sempre é confortável) dói! E dói muito!

São inúmeras feridas que precisam ser abertas, são caixas que estavam tão bem fechadas, que a gente precisa abrir e mexer… E isso não é fácil. Admitir que as coisas não estão como queríamos é difícil, e buscar a mudança para tudo é doloroso demais.

A gente se acostuma rápido, e em uma tentativa de “o que os olhos não vêem o coração não sente“, a gente começa a ignorar também. Nós até sabemos, e no fundo temos noção do que precisamos fazer para que as coisas deixem de ser como são… Mas a gente ignora essa voz que grita e clama por mudança dentro da gente. E não é porque queremos viver assim! Ou você acha mesmo que o sapo estava adorando a ideia de ser cozido?

Remexer no passado, compreender o seu ao redor, olhar a sua vida minuciosamente em busca de mudança é bem trabalhoso. E para fazer isso é preciso muita coragem. Coragem para aceitar que muitas coisas não podemos mudar. Coragem para entender que nem tudo depende de nós e que nem tudo está ao nosso alcance. Coragem para respirar fundo e conseguir transformar vírgulas em pontos finais. Coragem, sim, e muita, para compreender que o que já foi, foi… E isso não tem como mudar. Coragem para se conformar que, embora doloroso, algumas coisas precisam ser feitas e não tem ninguém nesse mundo que possa mudar a sua vida senão você mesmo.

Eu sou um sapo. Mas eu não quero mais ser o sapo que vai morrer porque não pulou para fora da panela… Eu quero ter a certeza que de, pelo menos, eu tentei. Quero deitar minha cabeça no travesseiro e pensar que, embora devagar e aos poucos, eu estou lutando e buscando uma mudança em mim e na minha vida.

Muita coisa vai doer, muita coisa vai embora, muita coisa vai chegar… Mas, de verdade, eu sinto que é a hora de pular para fora da água fervendo e realmente viver.

Eu sou um sapo. Mas agora eu sou o sapo que tomou uma dose de coragem. 

E você? Você é qual sapo?